terça-feira, 30 de março de 2010

Biografia de Dona Inês de Castro


D.Inês de Castro, filha de Pedro Fernandes de Castro e de Aldonça Lourenço de Valadares, nasceu em 1320 ou em 1325, na Galiza, e morreu a 7 de Janeiro de 1355, em Coimbra. Esta nobre galega foi amada pelo príncipe D. Pedro, futuro D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos, e, por isso, foi executada por ordem do pai deste, Afonso IV.

O Romance de D. Inês de Castro e de D. Pedro I iniciou-se em meados de 1339, após o casamento do príncipe Pedro, herdeiro do trono português, com Dona Constança, filha de D. João Manuel de Castela. Dona Inês seria uma das aias de Dona Constança. Este romance começou a ser comentada e mal aceite pela corte e pelo povo. D. Afonso IV não aprovava esta relação, por um lado, por respeito a D. João Manuel de Castela e, por outro lado, porque a amizade de D. Pedro com os irmãos de D. Inês - Fernando de Castro e Álvaro Pirez de Castro - fazia com que os fidalgos da corte portuguesa se sentissem ameaçados. Consequentemente, em 1344, o rei mandou exilar Dona Inês no Castelo de Alburquerque, na fronteira castelhana. No entanto, a distância não apagou o amor entre D. Pedro e Dona Inês que, segundo a lenda, continuavam a corresponder-se com frequência.

Em Outubro do ano seguinte, Dona Constança morreu ao dar à luz o príncipe D. Fernando, futuro D Fernando I de Portugal. Viúvo, Pedro mandou Inês regressar do exílio e os dois foram viver juntos, o que provocou um grande escândalo na corte. D. Afonso IV tentou casar novamente o seu filho com uma dama de sangue real. Mas, D. Pedro rejeitou este casamento, alegando que o desgosto provocado pelo falecimento da sua mulher ainda não lhe permitia pensar num novo casamento.

O nascimento dos filhos de Dona Inês e de D. Pedro e os boatos de que o príncipe tinha se casado secretamente com Inês agudizaram a situação. Receando que o infante D. Fernando, herdeiro legítimo de D. Pedro, fosse preterido na sucessão ao trono devido aos filhos bastardos do seu pai, D. Afonso IV ordenou a execução de Dona Inês de Castro.

A 7 de Janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e do povo e, aproveitando a ausência de D. Pedro numa excursão de caça, enviou Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco para matarem Dona Inês de Castro em Santa Clara.

A morte de Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a rainha D. Beatriz conseguiu intervir para selar a paz em Agosto de 1355.


Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal em 1357. Em Junho de 1360, fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos, ao afirmar que se tinha casado secretamente com Inês, em 1354, «em dia que não se lembrava». As palavras do rei e do seu capelão foram as únicas provas desse casamento.

De seguida, perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados (segundo a lenda, o rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo rei no seu leito de morte. Devido à sua actuação contra os assassinos de D. Inês, D. Pedro I de Portugal foi cognominado o Cruel, o Cru, o Vingativo e o Justiceiro.

A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à rainha morta, que D. Pedro teria imposto à sua corte, tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular que terá provavelmente sido inserida nas narrativas do final do século XVI, depois da popularização do episódio d'Os Lusíadas.

D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde transladou o corpo da sua amada Inês. Juntar-se-ia a ela em 1367 e os restos de ambos jazem juntos até hoje, frente a frente, para que, segundo a lenda, «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final».


Rui e Maria Beatriz

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